Modulação da Dor na Síndrome Fibromiálgica: um Distúrbio Termorregulatório?
Resumo
Várias características da síndrome fibromiálgica (FM) sugerem alterações na atividade termorregulatória. Há uma sobreposição entre a termorregulação e a modulação nociceptiva que é consistente com os sintomas da síndrome. Diversos estudos que serão abordados nesta revisão descrevem aspectos comuns entre a regulação da dor e da temperatura que podem contribuir para a dor generalizada e persistente da FM. Foram evidenciadas diversas constatações na literatura que suportam esta ideia, como: a distribuição da gordura marrom (BAT) se assemelha a dos tender points; estresse e frio provocam hiperatividade simpática por estímulo de fibras C aferentes que inervam a BAT e os tecidos adjacentes e, estimulam a termogênese da BAT que agrava a hiperalgesia da FM, nas regiões correspondentes aos tender points; a atividade física atua de forma antagônica impedindo o recrutamento da BAT e alivia os sintomas; mulheres podem ser mais suscetíveis a FM, porque elas são menos capazes de iniciar a termogênese adaptativa do que os homens; a ativação da BAT tem uma ação vasoconstritiva periférica, mas aumenta a temperatura supraclavicular; a termografia infravermelha pode registrar a ativação da BAT na FM por meio do sinal do manto; teste de imersão das mãos ou pés em água a 20ºC avaliam a referida ativação. Embora não seja um diagnóstico definitivo, o fenômeno do manto juntamente com a vasoconstrição periférica podem apoiar o diagnóstico clínico e desempenhar função importante no seguimento dos pacientes com FM como marcadores da disfunção neurovegetativa presente nesta doença.